Romancista de sucesso na primeira década do século XX, crítico de costumes da alta sociedade, Théo-Filho foi também o cronista que mais escreveu sobre praias de banho no Rio de Janeiro. À frente da redação do jornal “Beira-Mar”, sediado em Copacabana, acompanhou a grande inflexão praiana ocorrida a partir da introdução dos banhos de sol. Foi autor de “Praia de Ipanema” (1927) e “Ao sol de Copacabana” (1948). Ainda que sua obra (com exceção da crônica) esteja ultrapassada, Théo-Filho tem interesse para a pesquisa historiográfica nas áreas de estudos do lazer e do corpo. Publiquei neste blogue os textos do “Intelectual da Praia” entre 2010 e 2011 e, em seguida, passei a postar imagens colhidas no semanário praiano.



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

"No Posto 2"

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O uso feminino de calças compridas teve pelo menos duas tentativas de introdução no Rio de Janeiro. Em março de 1911, causou tumulto no Centro da Cidade o aparecimento da “jupe-culotte”, também chamada saia-calção: calças até o tornozelo cobertas por uma saia com abertura lateral. Ao saírem à rua com a nova indumentária, vendedoras de lojas de roupas foram perseguidas por uma multidão que só a intervenção da polícia conteve. A calça comprida era exclusividade dos homens e seu uso por mulheres sugeria uma inversão sexual, o que excitava a imaginação do público masculino. Quase vinte anos depois, no início dos Anos 30, surgiu a moda do “pyjame” de praia: calças boca larga, “perna de elefante”. Usada nas imediações das praias, a novidade desta vez não provocou desordem pública. Uma grande inflexão de costumes havia modificado a percepção da sociedade a respeito da moda feminina. 2 de setembro de 1939, p. 5. (Acervo Fundação Biblioteca Nacional).