Romancista de sucesso na primeira década do século XX, crítico de costumes da alta sociedade, Théo-Filho foi também o cronista que mais escreveu sobre praias de banho no Rio de Janeiro. À frente da redação do jornal “Beira-Mar”, sediado em Copacabana, acompanhou a grande inflexão praiana ocorrida a partir da introdução dos banhos de sol. Foi autor de “Praia de Ipanema” (1927) e “Ao sol de Copacabana” (1948). Ainda que sua obra (com exceção da crônica) esteja ultrapassada, Théo-Filho tem interesse para a pesquisa historiográfica nas áreas de estudos do lazer e do corpo. Publiquei neste blogue os textos do “Intelectual da Praia” entre 2010 e 2011 e, em seguida, passei a postar imagens colhidas no semanário praiano.



terça-feira, 24 de novembro de 2020

"Zona onde as casas são caríssimas"

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Por essa época, a transformação arquitetônica do Rio de Janeiro, baseada na introdução dos prédios de apartamentos, era reconhecida como tendência irreversível. O comércio de Copacabana, base de sustento de Beira-Mar, tinha interesse no crescimento populacional desencadeado pelos “arranha-céus”. O jornal praiano, entretanto, não dependia do setor imobiliário e estava à vontade para lhe fazer críticas. O preço dos aluguéis era alvo de queixa freqüente. A visibilidade de varais carregados de roupas íntimas ainda produzia escândalo. Às vezes se confundiam maldosamente os novos edifícios com “casas de cômodos”: seus inquilinos seriam “cavalheiros e casais sem filhos”, “estrangeiras masculinizadas”, “coquettes e demi-mondaines”. Repercutindo a insatisfação de uma parte da elite copacabanense com o novo estilo de vida urbana, Beira-Mar recorria ao moralismo, afinado com a atmosfera repressora da ditadura vigente. Leia mais nos capítulos 37 e 58. 24 de setembro de 1938, p. 12. (Acervo Fundação Biblioteca Nacional).